Politica

O 1º Encontro de Mulheres do Legislativo teve como foco principal a participação ativa da mulher na política

Ocorreu na manhã dessa quarta-feira, 29, no Palácio Maguito Vilela, sede da Alego, o 1º Encontro de Mulheres do Legislativo, promovido pelas legisladoras da Casa. O evento teve lugar no auditório 2 da Alego e contou com a presença do presidente, deputado Bruno Peixoto (UB) e de várias autoridades públicas.

Ao iniciar os trabalhos, a deputada Bia de Lima (PT) comentou sobre o número de parlamentares femininas que dobrou nessa Legislatura em relação a passada. Explicou que encontros como esse possibilitam instruir, capacitar e debater sobre as lutas enfrentadas, resultando com que mais mulheres sejam eleitas no Estado. “No mundo da política não existe lacuna, não existe espaço vago, nós queremos fazer com que outras mulheres possam começar a galgar esse caminho de fazer política, que é arte do bem comum, do trabalho coletivo”, conclui.

Em seguida a deputada Rosângela Rezende (Agir) fez o uso da palavra, e afirmou que esse mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher foi histórico na Casa, em que se debateu sua participação na política, seus direitos e suas garantias. “Política é solidariedade, nós mulheres nos politizando vamos construir um estado muito melhor”, explica a parlamentar.

Já a deputada Vivian Naves (Progressista) também defendeu de forma suscinta a importância de discutir temas de interesse da mulher nessa Casa e de pautas femininas presentes nos projetos de lei. Ela disse que sempre estará à disposição de receber em seu gabinete causas em defesa dos direitos das mulheres.

“A presença das mulheres no espaço público tem quebrado preconceitos e promovido profundas mudanças nas relações domésticas e sociais. É dessa forma que entendemos que as mulheres têm uma importante contribuição para dar à política, ja que representamos a maioria o eleitorado no Brasil.
A Assembleia Legislativa de Goiás é a casa do povo, lugar de trabalho e de construção de um futuro melhor. Assim, contem comigo para seguir lutando por políticas públicas que assegurem os direitos e a proteção das mulheres.

Precisamos continuar a luta, senão não existe vitória, nós mulheres nascemos para brilhar e cabemos aonde nós quisermos estar”, afirmou a deputada Dra.Zeli (Solidariedade). Em seu discurso, ela relatou, ainda, que não foi fácil chegar até aqui e compartilhou a alegria de sua voz ser representante das mulheres de Goiás.

GESTÃO EM DEFESA DA MULHER

O presidente da Casa, deputado Bruno Peixoto (UB), também registrou presença no primeiro Encontro de Mulheres do Legislativo. Em um breve momento de sua fala, o presidente falou sobre a sintonia de atuação da Presidência para com as parlamentares da Casa. Ele parabenizou pela iniciativa e comentou, também, sobre a criação da Procuradoria da Mulher, que será instalada amanhã na Alego, em uma decisão inédita.

O presidente do Parlamento goiano ressaltou, ainda, seu compromisso de atuar em defesa das mulheres, coibir os diversos tipos de violência contra as mulheres e garantir legislações punitivas e exemplares aos condenados por crimes contra as mulheres.

“Já determinei à Diretoria de Saúde da Alego, composta com profissionais de diversas áreas, que todos estarão subordinados à Procuradoria da Mulher, bem como esta estará subordinada às deputadas da Casa. Contem conosco. Esta será nossa atuação neste mandato”, disse.

A advogada Anna Raquel Gomes, primeira convidada a discursar, falou sobre o impacto da legislação eleitoral nas campanhas femininas. Ela iniciou sua contribuição convidando as mulheres a participarem ativamente da política e comentou sobre os riscos da sub-representatividade das mulheres nas casas legislativas. “Não é possível sair de um ciclo de violência sem representação feminina na tomada de decisões de políticas públicas. Isso atrapalha no desenvolvimento econômico e cultural do país”, disse.

Anna questionou sobre o quão democrático é uma sociedade, onde nem todos os partícipes tem acesso igual a formação da governança. Logo, ela pontuou a tentativa de reforma eleitoral que pretendeu, entre outras pautas, a retirada de cotas de gênero nas legendas partidárias e retrocesso social que a ação demostra. A palestrante reafirmou que o atual retrato da Câmara federal é majoritariamente masculino e por isso é preciso atentar-se, sobretudo, ao desmonte das políticas públicas que asseguram os direitos das mulheres. “Nossa força, enquanto sociedade civil organizada, é de lutar para impedir a diminuição de recursos e direitos”, concluiu.

A advogada discursou também, por temas como o impacto da pandemia, sobretudo no desemprego, na vida das mulheres. Anna salientou que as pesquisas mais recentes indicam as mulheres como maioria entre os chefes de família.

SUPORTE NECESSÁRIO

Dando sequência nas exposições, a titular da Secretaria Municipal de Integração Social, Esporte e Cultural de Anápolis, Eerizania Éneas de Freitas, agradeceu o convite para participação no evento e parabenizou pela oportunidade de oferecer protagonismo às mulheres.

A secretária contou sua experiência no resgate de vítimas da violência doméstica e salientou a necessidade de estruturação do Estado para garantir uma efetiva proteção às mulheres. “A única ferramenta capaz de encorajar uma mulher a romper com um ciclo de violência é uma rede de apoio para garantir todo o suporte necessário”, disse ao revelar que Anápolis foi o primeiro município a ofertar um serviço completo de acolhimento desde o primeiro instante.

Ela convidou os representantes da Administração Pública a refletir sobre as políticas atuais de proteção as vítimas de violência. “A gente precisa ter a responsabilidade de conduzir essa mulher a um lugar de segurança. Falta constituição de uma rede fortalecida e, sobretudo, a falta de empatia para acolher às mulheres”, concluiu.

Nesse mesmo sentido, a secretária municipal de saúde de Senador Canedo e presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás, Verônica Savatin Wottrich, falou sobre os quatro anos à frente da gestão em saúde. Ela apontou que um dos gargalos mais difíceis de superar foi a falta de diálogo entre as instituições da Administração Pública. Por isso, ela ressaltou que sua atuação sempre foi pela aproximação destas. “As pessoas precisam atender nossas demandas, seja ouvindo ou articulando”, disse.

Verônica também comentou sobre a sub-representatividade das mulheres nos recortes políticos, inclusive, nas pastas de saúde. Ela ressaltou que é imprescindível uma rede de apoio e interação entre as mulheres, afim de garantir maior força de voz e assegurar a diversidade de gênero. “ É enquanto mulher e gestora, que me pergunto: o que eu posso fazer pelo outro?. Aí o impacto vem e somos, então, respeitadas. Nós podemos fazer a diferença”, concluiu.

Seu comentário foi reiterado pela recém nomeada superintendente da mulher da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (SEDS), Mariana Gidrão. Ela reafirmou seu papel em executar políticas efetivas que colaborem para os direitos femininos, sobretudo no acolhimento das mulheres vítimas de violência. Ressaltou ainda  o crescimento de mulheres em cargos estratégicos e de chefia, mas pontuou que o número está aquém do ideal.

A superintende salientou, também, que é importância alinhar o diálogo para efetivar a força feminina. “Se lançarmos muitas redes, perdemos a pescada. Precisamos de rede de proteção, mas precisamos que essa rede seja interligada”, concluiu

VOZ

Lucely Morais Pio não possui formação acadêmica, mas seus antepassados lhe ensinaram uma gama de conhecimentos relacionados a medicina natural e administração correta de ervas colhidas nos campos do Cerrado, trabalho que desempenha até hoje na comunidade em que vide. Ela foi a última convidada a fazer uso da palavra e destacou o prazer em compartilhar sua história, e a oportunidade de expor algumas demandas para as parlamentares da Casa.

“Não é fácil uma mulher preta, de comunidade Quilombola, tataraneta de uma pessoa que foi escravizada, estar aqui hoje. Quando falamos em trabalho nas comunidades, queremos que esse trabalho seja respeitado e organizado, plantas medicinais é saúde pública, meu intuito aqui é trazer visibilidade ao trabalho dessas mulheres que atuam de forma obscura a tantos anos”, conclui.

*Agência Assembleia de Notícias

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