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Programa ‘Cozinhas & Infâncias’ estreia no Cerrado e leva educadores da Chapada dos Guimarães para a cozinha

Instituto Comida e Cultura, Ministério Público do Estado de Mato Grosso e Secretaria de Educação da Chapada dos Guimarães iniciam a formação de 60 educadores, incluindo escolas metropolitanas e rurais, e abrem possibilidades para crianças da região serem beneficiadas por meio da educação alimentar

O que antes parecia um  sonho distante agora ganha contornos mais realistas: a cozinha como extensão da sala de  aula. O Instituto Comida e Cultura (ICC), que desde 2018 tem atuado em projetos de educação infantil e fundamental, entende a alimentação saudável como o resultado de um processo construído a muitas mãos por pessoas de todas as regiões do país.

A partir de uma parceria firmada entre o ICC, Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) e Secretaria Municipal de Educação (SME) da Chapada dos Guimarães, inicia-se no dia 25 de março o programa de formação e qualificação ‘Cozinhas & Infâncias’. O público é composto por cerca de 60 educadores, incluindo escolas rurais.

“O Instituto Comida Cultura chega aqui no Mato Grosso para alimentar um só tempo a alma e o saber dos educadores. Que por sua vez alimentam a alma o saber de nossos alunos. Na cozinha com sabedoria, temperada de histórias e afetos, é receita de muito sucesso”, comemora Leandro Volochko, promotor de justiça da Chapada dos Guimarães.

O objetivo é preparar educadores e demais atores responsáveis para o desenvolvimento integral das crianças, desde a ideia de conhecimentos a respeito da História da Alimentação Humana sob uma  perspectiva  decolonial até a História da formação da culinária Brasileira, Habilidades Culinárias Domésticas e Alimentação Saudável. Quem norteia os passos do ‘Comidas & Infâncias’ é o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB), com o intuito de levar o tema da alimentação e suas múltiplas dimensões às práticas pedagógicas como disciplina permanente nos currículos escolares das escolas de todo o Brasil.

“O projeto Cozinhas Infâncias, entre outras estratégias, usa cultura culinária como uma porta de entrada para o debate da sociobiodiversidade, conectandagricultura, saúde, educação meio ambiente, motivando um espaço político favorável à sua conservação. Hoje, o Cerrado é nosso bioma mais ameaçado e o projeto quer propor aos educadores do ‘coração do Brasil’ uma reflexão sobre possibilidades de sistemas alimentares mais saudáveis a partir de uma nova consciência  alimentar”, diz Bela Gil, uma das fundadoras do Instituto Comida e Cultura.

No total, 60 representantes de 9 escolas metropolitanas e  rurais de educação infantil irão participar do curso até  junho de 2023. Os encontros se dividem na modalidade híbrida (virtual e  presencial) com atividades práticas na cozinha do Centro Municipal de Educação Infantil ‘Magia Do Saber’ Anita Goulart. O projeto conta com apoio financeiro do MPMT para viabilizar sua implementação.

“Somos gratos ao Instituto Comida e Cultura, que junto ao Ministério Público oferece oportunidade aos professores do município para que trabalhem o tema da alimentação na sala de aula, o que também pode se estender aos familiares. A valorização da cultura alimentar local desperta ainda o interesse futuro dos alunos no mercado de trabalho desta cidade que é turística”, destaca Benedito Antônio de Oliveira Lechner, Secretário Municipal de Educação de Chapada dos Guimarães.

O material exclusivo preparado pelo ICC é pautado no conceito da alimentação saudável e a história da formação da culinária brasileira, sob uma perspectiva decolonial. A expectativa é de que milhares de alunos sejam beneficiados com as trocas propostas pelo Cozinhas & Infâncias.

“Diante deste novo cenário político no Brasil, acreditamos que podemos caminhar para muito além do combate à fome. Com programas como o ‘Cozinhas Infâncias’, por exemplo, ampliamos o acesso ao conhecimento entre educadores estudantes nas escolas, que têm papel fundamental na promoção da alimentação adequada, saudável, biodiversa e inclusiva”, defende Bela.

Ao cozinhar com as crianças, é possível trabalhar assuntos complexos como os processos produtivos e seus impactos socioambientais, a origem dos alimentos, a ancestralidade, a cultura intrínseca aos diferentes modos de preparo e a valorização das receitas tradicionais feitas com ingredientes nativos.

De maneira interdisciplinar, o programa navega pelos tópicos: Cultura, História, Sistemas Alimentares, Biodiversidade, Nutrição, Educação para as Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena.

“É preciso ampliar a consciência alimentar por meio da educação interdisciplinar, inclusiva e decolonial. Portanto, esperamos que esta iniciativa sirva de inspiração para novas parcerias intersetoriais que possibilitem ampliação para todas as escolas do Brasil”, deseja Bela.

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