Brasil

Leptospirose: dicas para prevenir a doença em cenários de enchentes

  • Alagamentos podem ser vetores de contaminação

  • Doença possui letalidade de 40% em casos mais graves

  • Especialista em pragas urbanas afirma que uso de equipamento de proteção é essencial para prevenção

A enchente no Rio Grande do Sul, com 464 municípios afetados e mais de 580 mil pessoas desalojadas segundo a Defesa Civil gaúcha, acendeu o alerta para o risco da transmissão da leptospirose. O contato com a água contaminada nos centros urbanos pode transmitir a doença. Em situações de alagamento, a população precisa ter a atenção redobrada para medidas de prevenção e controle de roedores.

A leptospirose é transmitida a partir do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados pela bactéria Leptospira. As enchentes são importantes vetores para a disseminação da doença, já que a urina se mistura com a água dos alagamentos. Essa é uma doença aguda e febril, e no caso das enchentes, pode ser contraída através do contato da água contaminada com mucosas (nariz, boca) ou feridas na pele. A pele intacta, se exposta por longos períodos em água contaminada, também pode contrair a bactéria.

Dados da série histórica do Ministério da Saúde mostram que o Brasil teve uma média de aproximadamente 3.200 casos de leptospirose entre 2013 e 2023. Em 2024, até o mês de abril, foram contabilizados 734 casos, com foco no Sul e Sudeste. “A doença possui letalidade de 40% em casos mais graves. Os altos índices de precipitações em algumas regiões potencializam a disseminação da bactéria e pode gerar aumento de casos”, alerta Jeferson de Andrade, biólogo e pesquisador de Desenvolvimento de Produtos e Mercado da BASF.

Durante enchentes, como as que o Rio Grande do Sul enfrentou no começo de maio, é importante evitar o contato com áreas de infestações de roedores. “Caso não seja possível, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) é imprescindível”, comenta o Biólogo.

Formas de prevenção à leptospirose

Para o controle de infecções, é essencial evitar áreas infestadas por roedores e o contato com a água de enchentes e dejetos de produção animal, especialmente se houver feridas na pele. “Controlar infestações de roedores e o acesso às áreas possivelmente infectadas é o caminho para combater a leptospirose, já que mesmo no barro, área com menos utilização de equipamentos de proteção, a bactéria pode se manter ativo por semanas ou meses”, comenta o especialista.

Andrade ainda lista medidas básicas de prevenção contra a doença, destacando a importância de implementar medidas de controle, como:

Controle de roedores: É essencial adotar medidas de controle de roedores em casa e nos arredores. Utilize armadilhas e mantenha alimentos armazenados em recipientes bem fechados para evitar a presença desses animais.

Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): Quando for inevitável o contato com a água da enchente, use botas de borracha, luvas e roupas de proteção. Isso ajuda a evitar o contato direto com a água potencialmente contaminada.

Higiene pessoal: Lave bem as mãos com água e sabão após qualquer contato com a água da inundação. O uso de álcool em gel é recomendado quando não houver acesso imediato à água potável.

Vacinação de animais domésticos: Certifique-se de que seus animais de estimação estão vacinados contra a leptospirose para evitar que se tornem vetores da doença.

Paralelo a essas medidas, o Ministério da Saúde deve realizar um acompanhamento da população, identificando sintomas e possíveis contaminações, tratando a doença de forma precoce.

Sintomas relacionados à infecção

Febre alta, dores musculares, dor de cabeça e vômitos são os principais sintomas da leptospirose. Eles geralmente surgem entre sete e 14 dias após a exposição, podendo aparecer até o 30º dia. Se esses sintomas aparecerem, é crucial buscar atendimento médico imediato para diagnóstico e tratamento adequados.

“O controle de roedores é crucial, mas também é fundamental prestar atenção aos sintomas após o contato com água de enchente ou áreas com animais infectados. Um diagnóstico precoce é essencial, pois, sem ele, o tratamento se torna mais difícil e pode resultar em casos graves ou até em óbitos”, finaliza Andrade.

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*Roberta Silveira / ASCOM

 

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