Halloween: a curiosa origem do Dia das Bruxas
Hábitos como o de crianças se fantasiarem para sair de porta em porta atrás de doces, ou de espalhar pela casa enfeites e adereços “assustadores” como abóboras esculpidas e iluminadas, ou de participar de festas a fantasia, são cada vez mais populares.
Halloween – conhecido como Dia das Bruxas – é uma celebração popular em alguns países de língua anglo-saxônica (especialmente nos EUA), cujo significado se refere à noite sagrada de 31 de Outubro, véspera do feriado religioso do Dia de Todos os Santos.
A tradição do Halloween foi levada pelos irlandeses aos Estados Unidos, onde a festa é efusivamente comemorada Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa “fim do verão”).
O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao “Rei dos mortos”. Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita.
Quando surgiu o Dia das Bruxas?
O Dia das Bruxas, o Halloween, que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.
Fogueiras tornaram-se especialmente populares nessa festa. Elas eram usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain), como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir a bruxaria e a peste negra.
Outro costume de Halloween era o de prever o futuro – previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome de seu futuro marido ou mulher.
Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve as formas pelas quais uma pessoa jovem podia descobrir quem seria seu grande amor.
Muitos destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, puxar uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneceriam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.
Outros incluíam pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e “ler” cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada.
A comida era um componente importante do Halloween, assim como de muitos outros festivais.
Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou entoando orações para as almas dos mortos. Em troca, elas recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.
Durante o festival, as igrejas costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era tão incômoda que o rei Henrique 3º e a rainha Elizabeth 1ª tentaram proibi-la, mas não conseguiram. Esse ritual prosseguiu, apesar das multas regularmente aplicadas a quem fizesse isso.
Símbolos do Halloween
Os símbolos principais são as fantasias de bruxas e a abóbora com feições humanas iluminada através de uma vela acesa. Além disso, também é comum decorar as casas com objetos e temas as- sustadores, como caveiras, teias de aranha, mortos-vivos e demais seres que pertençam ao imaginário popular. Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição morderna de “doces ou traves- suras”.
Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou- -se um hábito nesta época do ano entre os america- nos a partir dos anos 1920.
Também há o costume de distribuir doces para as crianças fantasiadas du- rante o Halloween. Conhecido como “trick or treat” (“gostosuras ou travessuras”, em português), esta atividade infantil é muito comum nas comemorações do Halloween nos países do Hemisfério Norte, como os Estados Unidos, por exemplo.
Halloween no Brasil
No Brasil, também se comemora o Halloween em festas particulares, mas não possui um significado e valor cultural tão forte como nos Estados Unidos e em outros países, principalmente do Hemisfério Norte.
Assistir filmes de terror (envolvendo bruxas, fantasmas e demais temas assustadores, por exemplo), acaba por ser uma das atividades mais apreciadas pelas pessoas durante o Halloween no Brasil.
E quanto ao Halloween moderno?
Hoje, o Halloween é o maior feriado não cristão dos Estados Unidos. Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados quanto a Páscoa como a data em que mais se vendem chocolates. Ao longo dos anos, foi “exportado” para outros países, entre eles o Brasil.
Por aqui, desde 2003, também se celebra nesta mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.
Em sua “era moderna”, o Halloween continuou a criar sua própria mitologia.
Em 1964, uma dona de casa de Nova York chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava velhas demais para brincar de “doces ou travessuras”. Logo, espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.
Atualmente, o festival conserva pouco de sua origem, mas, apesar de ter ganhado nova roupagem, dá oportunidade para que adultos brinquem com seus medos e fantasias.
Ele permite subverter normais sociais como evitar contato com estranhos ou explorar o lado sombrio do comportamento humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja esse o motivo de sua grande popularidade.