Alego homenageia mulheres com a entrega da Comenda Berenice Artiaga

O encerramento dos trabalhos plenários da semana cedeu lugar à solenidade de entrega da Comenda Berenice Teixeira Artiaga. Ao todo, foram 79 homenageadas. O evento, que fecha o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foi presidido pela autora da iniciativa, a deputada Bia de Lima (PT). A cerimônia teve início após a etapa de apresentação de matérias da sessão ordinária que foi realizada na tarde desta quinta-feira, 30.

A mais alta honraria da Casa foi concedida a mulheres que vêm se destacando em diversos setores no estado, representando as mais variadas áreas: política, jurídica, social, educacional, religiosa, militar, entre outras. As homenageadas foram indicadas por 39 dos 41 parlamentares com cadeira na Assembleia.

Dentre elas, estavam primeiras-damas, vereadoras, prefeitas, deputadas, secretárias de governo, pastoras, conselheiras tutelares, assessoras parlamentares, advogadas, assistentes sociais, costureiras, economistas, empresárias, escritoras, médicas, pedagogas, psicanalistas, agropecuaristas, juízas.

Antes de receber do presidente Bruno Peixoto (UB) o comando da sessão, a deputada Bia de Lima subiu à tribuna para proferir discurso de abertura da solenidade. Em sua fala, destacou a importância das mulheres na política. “Temos a responsabilidade de buscar construir tempos melhores para as mulheres na família, no trabalho e em qualquer lugar. Que elas possam sempre ser respeitadas pela sua capacidade, pelo compromisso de lutar por dias melhores para todos”, comentou.

A deputada aproveitou, ainda, a ocasião para lembrar o início de nova fase da Alego, com a instalação da Procuradoria da Mulher, realizada na manhã de hoje. E destacou o alto salto de projetos em benefício do público feminino aprovados ao longo do mês pelo Parlamento goiano. “Que possamos fazer uma somatória de esforços para pôr fim à forma negativa de se tratar as mulheres goianas. Queremos mulheres em todos os espaços: câmaras, prefeituras, na Assembleia. Que elas participem cada vez mais da política e mostrem sua capacidade e seu compromisso com a construção de uma sociedade melhor”, arrematou.

Após receber a comenda, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) encerrou os discursos da solenidade, falando em nome de todas as homenageadas. Ela também agradeceu ao presidente Bruno Peixoto (UB) pela criação da Procuradoria da Mulher na Alego.

Ressaltando o peso da comenda recebida, Accorsi disse que Berenice Artiaga representa uma história de luta e representação política para todas as mulheres de Goiás. “Berenice não foi apenas a primeira deputada estadual de Goiás. Foi mãe, esposa, professora e cidadã. Uma mulher que considero à frente do seu tempo, e que, ainda enlutada pela morte do seu esposo, foi convocada a assumir protagonismo político naquele momento e fez história”, pontuou.

“Ser mulher é uma missão de risco diário”, prosseguiu Accorsi, elencando desafios como a dupla ou tripla jornada, desvalorização, medo de assédio, desrespeito, violações e homicídios. “Hoje, a cada seis horas uma mulher é assassinada no Brasil”, citou a parlamentar, que por muitos anos atuou também como delegada.

Adriana Accorsi destacou, ainda, iniciativas parlamentares suas em favor das mulheres, como a Sala Lilás, espaços criados para humanizar o atendimento às vítimas de violência familiar e doméstica.

Nova solenidade, em plenário, foi convocada para amanhã, às 9 horas. Na ocasião, o deputado Antônio Gomide (PT) fará homenagem à Campanha da Fraternidade.

 

Demais discursos

Segunda a ocupar os microfones da tribuna, a deputada Dra. Zeli (Solidariedade) ressaltou a importância do Legislativo como plataforma de expressão a “ideias e lutas”. “Nosso objetivo enquanto mulheres do Parlamento é a transformação da sociedade, democratizando o ser, o saber e o poder. Apenas um mandato parlamentar não altera a estrutura e a cultura de uma sociedade. Continuamos na luta pela igualdade que existe na lei, mas não na vida, para as mulheres”, discursou.

Terceira a se pronunciar, Rosângela Rezende (Agir), hoje empossada Procuradora Especial da Mulher na Alego, aproveitou para reiterar a importância de todas as homenageadas. “Cada uma aqui é única e está brilhando com sua própria trajetória. Conquistar a liberdade e a paz são desafios, mas fazer isso do seu jeito, é uma conquista maior ainda”, iniciou.

A deputada seguiu celebrando a parceria com as demais colegas de Parlamento. “O que temos em comum é que somos mulheres, mas somos diferentes em nossas individualidades. E é essa diferença que faz com que nossa atuação possa ser muito rica”, observou.

Ao fazer uso da palavra, Vivian Naves (PP) pediu mais equidade de representação nos espaços de poder. “Infelizmente, as mulheres estão subrepresentadas em posições de liderança, cargos eletivos, no serviço público, na iniciativa privada e no meio acadêmico. Para que haja uma mudança real e legislações mais justas, é necessário entender que a mulher é essencial nesse processo”, ponderou.

A deputada prosseguiu destacando a força das mulheres nas diversas atribuições que exerce na sociedade. “Como mulher, mãe, primeira-dama, empresária e deputada, entre outras funções que acumulamos, costumo dizer que somos guerreiras e não desistimos de lutar, e mesmo assim com dupla, tripla ou até quarta jornada não perdemos a sensibilidade e não permitimos que o desânimo anule nossas iniciativas e ações. Continuamos na luta para que as mulheres sejam reconhecidas e ocupem seus lugares de destaque. Homenagear essas mulheres serve de exemplo para que continuem em busca de seus objetivos e direitos”, observou a legisladora.

A deputada finalizou seu discurso reforçando seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres, por mais representatividade nos espaços de poder, igualdade de oportunidades, inserção no mercado de trabalho, valorização salarial, combate ao assédio e com o enfrentamento do feminicídio. “Avançamos bastante, mas ainda é preciso lutar muito”, arrematou.

Representando as demais integrantes da Mesa Solene, a deputada federal Marussa Boldrin (MDB), de Rio Verde, destacou o aumento da representatividade feminina na política. Marussa falou em nome também de Marion Kompier, da professora Karen, de Rio Verde, e de Leila Boldrin, sua mãe, homenageadas na sessão pelo deputado Karlos Cabral (PSB).

“Em nome de vocês três quero dizer que estou muito feliz. Todas que estão aqui merecem e são reconhecidas pela sua atuação. Deixo nosso mandato à disposição de todos vocês. Somos seis deputadas federais e todas fizeram muito bem o dever de Casa. Duas foram reeleitas, quatro são novatas e duas vieram da Assembleia, abrindo vaga para mais quatro. É maravilhoso a representatividade política feminina que nosso estado vem alcançando.  Quero que vocês e todas as mulheres de Goiás se sintam homenageadas”, disse Marussa.

Além das personalidades citadas, integram, ainda, a  Mesa Solene, as homenageadas: Lucilene Tavares Gontijo, empresária e esposa do presidente Bruno Peixoto; Cristiane Schmidt, secretária de Estado da Economia; Yara dos Santos,  secretária de Estado da Cultura. E, também: Sônia Caetano, presidente da Associação de Mulheres de Carreira Jurídica de Goiás; e Wanda Lúcia Ramos, desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª região.

 

A Comenda 

A Comenda Berenice Teixeira Artiaga foi instituída na Alego por meio da Resolução nº 993, do dia 17 de fevereiro de 1998, para homenagear mulheres atuantes no estado. É concedida uma vez por ano, sempre em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

Na proposição apresentada no início da Legislatura em defesa do evento, Bia de Lima relembrou a  conquistou o direito ao voto feminino, em 1932 e argumentou que, neste ano, completam 69 anos que Goiás teve a primeira representante no Parlamento, com a eleição de Berenice Teixeira Artiaga, em 1950.

 

Quem foi Berenice Teixeira Artiaga
Berenice Teixeira Artiaga nasceu em 29 de janeiro de 1916, em Santa Cruz de Goiás, e faleceu em 8 de maio de 2012. Foi professora e funcionária pública. Em 1959 foi nomeada tabeliã, por concurso público, no 4º Tabelionato de Notas, em Goiânia, onde ficou até 1962. A partir de 1966 assumiu a assessoria fazendária da Prefeitura do Distrito Federal.

Na política, Berenice Teixeira Artiaga chegou ao Parlamento na 2ª Legislatura (1951-1955), incluída na chapa do PSD, após o assassinato do seu esposo, Getulino Artiaga, no município de Nova Aurora.

Reeleita para a 3ª Legislatura (1955-1959), Berenice compôs a Mesa Diretora, ocupando a 1ª Secretaria (1956-1957); e a 4ª Secretaria (1958-1959).