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Valparaíso: Onde Meu Coração Fez Morada

Era década de 1970. O cerrado, com sua vastidão silenciosa, nos levava em passeios rumo à Luziânia. Mas foi em um clarão inesperado, quase mágico, que meus olhos encontraram o que parecia um sonho se materializando: casinhas brotando da terra vermelha, como se tivessem sido desenhadas por mãos invisíveis de esperança.

Foi amor à primeira vista. Voltamos, como quem é puxado por um fio invisível do destino, para enxergar de perto aquele chão novo, promissor. Ali, nasciam 864 moradias — e, com elas, vidas, memórias, raízes.

No dia 18 de outubro de 1978, já estávamos de malas prontas, conhecendo a pequena administração local e esperando nossa casa ganhar forma. Mas a história do Núcleo Habitacional Valparaíso, começou para valer em 19 de abril de 1979. Naquele dia, o então prefeito de Luziânia, Walter José Rodrigues, inaugurava oficialmente o Núcleo Habitacional Valparaíso. Clóvis José Rizzo Esselin de Oliveira Almeida era empossado como primeiro administrador regional.

Deixamos Brasília para trás e abraçamos o novo, com coragem e o coração aberto. O pequeno núcleo nos acolheu. Fomos tecendo laços, criando amizades, enraizando afetos. Sentíamos que estávamos participando da construção de algo maior que nós.

Fundamos o primeiro Jardim de Infância autorizado da região, o Santa Luzia — um berço para os filhos dos pioneiros. Trabalhei também na administração municipal, e vi, com orgulho, Valparaíso se impor diante do tempo, crescendo junto à vontade de seu povo. Estive perto das batalhas pela emancipação, acompanhando os bastidores com olhos atentos e alma envolvida.

Recebi o convite do administrador Clóvis José Almeida para ser a primeira diretora da Escola Municipal Céu Azul, no governo do Dr. Walter Rodrigues. Um desafio, uma honra — e Valparaíso, como criança que aprende a andar, crescia rápido, firme.

No dia 2 de maio de 1980, o Decreto-Lei nº 972 oficializou o 19 de abril como data de fundação do Núcleo. Naquele tempo, já tínhamos um posto telefônico, uma agência dos Correios, um escritório de contabilidade e onze lojas que davam vida comercial ao lugar.

Mais tarde, tornei-me também a primeira diretora da Escola Municipal Valparaíso 1B, hoje batizada de Escola Professora Divina Lourenço de Melo Leão — um nome que carrega história e afeto.

Em 15 de junho de 1990, ajudamos a dar voz à cidade com a fundação do Jornal O Despertar, o primeiro veículo de comunicação genuinamente valparaisense. Hoje, ele segue ativo, agora na forma do Portal de Notícias Jornal O Despertar — sinal de que nossa voz nunca deixou de ecoar.

Valparaíso de Goiás teve, desde  sete gestões e sete capítulos escritos por diferentes mãos:

  • José Valdécio (PTB) – 1996 a 2000
  • Juarez Sarmento (PSDB) – 2001 a 2004
  • José Valdécio (PTB) – 2005 a 2008
  • Lêda Borges (PSDB) – 2009 a 2012
  • Lucimar Nascimento (PT) – 2013 a 2016
  • Pábio Mossoró (MDB) – 2017 a 2024
  • Marcus Vinícius Mendes Ferreira (MDB) – 2025, atualmente no cargo

Tive o privilégio de colaborar com a Assessoria de Comunicação na gestão da prefeita Lucimar, divulgando os trabalhos da Secretaria de Promoção Social, registrando em palavras os gestos e conquistas da nossa gente.

Hoje, com a alma leve e grata, celebro minha trajetória como membro da Academia Valparaísense de Letras, ocupando com honra a Cadeira nº 24, tendo como patrono o mestre da literatura Érico Veríssimo.

Valparaíso não é apenas um lugar no mapa. É chão fértil de sonhos, é memória viva, é poesia encarnada no concreto das ruas, nas páginas dos jornais e nas vozes que aqui decidiram plantar o futuro.

*Rosângela Méri

 

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